27 de maio de 2008

Pop Art


É engraçado como eu tenho perdido o sono nos últimos tempos com um movimento que começou aproximadamente na década de 20, com Adorno e Horkheimer. Eles usaram primeiramente um termo denominado "indústria cultural". Nesse primeiro momento os mercados começam a se expandir, mas é na década de 50, que o pós-guerra traz uma consciência crescente de que esse mundo já seria diferente do desenvolvimento da arte moderna, com o termo já determinado como é hoje, Pop Art, que veio se tornar o tema do meu grupo no Projeto Interdisciplinar III. O comportamento dos próprios artistas em relação à arte, nos dá uma idéia do viria a ser a Pop Art, uma vez que eles consideravam que ser bom nos negócios era a mais facisnante das artes, bem como trabalhar e ganhar dinheiro. A arte começa então a ser uma boa transação mercantil, rentável e é nesse contexto que começa a se desenvolver o amplo consumismo, com produtos cada vez mais mecanizados e em escalas também cada vez mais abundantes. Com isso, deu-se origem a desenhos com cores fortes, produtos da massa, unindo a publicidade à arte. Eram produtos do cotidiano, como mesas de piquenique, calças masculinas, cortinas de chuveiro, frigorificos, garrafas de coca-cola, e ainda artistas fossem eles do cinema ou música. É nessa parte que Andy Warhol (que é o artista escolhido pelo meu grupo) usa as latas de sopa “Campbell´s”, com a ajuda da seriografia, e anúncios da Coca-Cola, que viraram verdadeiros mitos. Mas mito mesmo eram os artistas transformados em “arte”, como Marilyn Monroe e Elvis Presley por exemplo, numa sequência quase imutável, que transmitia com isso a impessoalidade dos objetos em massa para o consumo, e deixava transparecer a sua impressão das personalidades como vazias, impessoais e sem conteúdo paupável. Tudo girava às críticas fossem elas da cultura de massa, consumismo exacerbado, política, personalidades, economia ou alienação.


.A Pop Art propriamente dita


A Pop Art tinha por convicção e objetivo maldizer uma sociedade que começava a reerguer celebrando o pós-guerra (e apoiando suas raízes) em um consumismo tipicamente capitalista. O movimento começa a crescer e tomar proporções desmedidas até atingir a quadrinhos, publicidade e cinema, usando de artifícios muito pouco ou nunca usados antes como tinta acrílica, poliéster, látex, gesso, unificado a cores fluorescentes, brilhantes e chamativas, operando com signos estéticos e objetos do dia-a-dia: sopas, notas de dóllar, mesas de piquenique, calças masculinas, frigoríficos, garrafas de coca-cola. Tudo isso aliada à sagacidade da serigrafia. Era uma maneira de ironizar o “American way life”. Com essa base da publicidade, e trabalhando com tamanhos hiper-reais, a Pop Art conseguiu fazer o brega virar moda, até que a arte começou a abranger mais a população, dando espaço para o povo ter um contato maior com movimentos artísticos. Sendo assim, poderíamos considerar a Pop Art, o movimento de uma geração, uma cultura marcante de uma década, um estilo de vida ou um jogo de palavras?? Ainda é possível encontrar tantos artistas bons, que retratam a Pop Art com o mesmo gosto e ideal. Em meio a tantos artistas emergentes da época, como Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg e Peter Blake, optamos por Andy Warhol, que trazia em suas obras críticas pesadas à sociedade, à televisão, aos artistas da época, e à cultura de massa. Em meados da década de 60 os artistas, defendem uma moderna, irreal, que se comunique diretamente comunique diretamente com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e vida cotidiana. A defesa do popular traduz uma atitude artística adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, esse movimento, que é considerado chato, se coloca na cena artística como um dos movimentos que recusa a separação arte/vida. E o faz pela incorporação das histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema. Assim, surge o Pop Art na Inglaterra, através de um grupo de artistas intitulados Independent Group. A primeira obra considerada pop é “O que exatamente torna os lares hoje tão diferentes, tão atraentes?”, de Richard Hamilton. Os artistas e críticos integrantes do Independent Group lançam em primeira mão as bases da nova forma de expressão artística, que se beneficia das mudanças tecnológicas e da ampla gama de possibilidades colocada pela visualidade moderna, que está no mundo – ruas e casas – e não apenas em museus e galerias. Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake são alguns dos principais nomes do grupo britânico. É possível observar nas obras Pop britânicas um certo deslumbramento pelo american way of life através da mitificação da cultura estadunidense. É preciso levar em consideração que a Inglaterra passava por um período pós-guerra, se reerguendo e vislumbrando a prosperidade econômica norte-americana. Desta forma, todas as obras dos artistas pop britânicos aceitaram a cultura industrial e assimilaram aspectos dela em sua arte de forma eclética e universal. Ao contrario do que se sucedeu na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos os artistas trabalham isoladamente até 1963, quando duas exposições reúnem obras que se beneficiam do material publicitário e da mídia. É nesse momento que os nomes de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann surgem como principais representantes da art pop em solo norte-americano. Sem estilo comum, programas ou manifestos, os trabalhos desses artistas se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas. Os artistas norte-americanos tomam ainda como referência uma certa tradição figurativa local – as colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas e emblemáticas de Jasper Johns – que abre a arte para a utilização de imagens e objetos inscritos no cotidiano. No trato desse repertório plástico específico não se observa a carga subjetiva e o gesto lírico-dramático, característicos do expressionismo abstrato – que aliás, a arte pop comenta de forma paródica em trabalhos como Pincela de Roy Lichtenstein. No interior do grupo noirte-americano, o nome de T. Wesselmann liga-se à naturezas-mortas compostas com produtos comerciais, o de Lichtenstein aos quadrinhos e o de C. Oldenburg, mais diretamente às esculturas. Como muitos outros artistas, Andy Warhol criou obras em cima de mitos. Mas ele foi muito além disso: ele relamente criou mitos. Como o exemplo de que Warhol talvez tenha contribuído mais para o mito de Marylin Monroe do que Hollywood e as revistas populares juntos. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley, Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marylin Monroe. Warhol mostrava o quanto personalidades públicas sao figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola e as latas de Sopa Campbell´s. Não se pode afirmar que a obra de Warhol foi eminentemente superficial ou esnobe, o que se comprova pelos seus quadros de desastres de ambulância, ou das cadeiras elétricas e os retratos de judeus famosos. Também foi muito importante seu trabalho como diretor de cinema, com obras filmadas totalmente diferentes e fora dos padrões da filmografia tradicional (ausência de roteiro, câmera imóvel, tentar mostrar uma “realidade mais do que real”). Mas foi nas suas obras de celebridades e objetos de consumo da massa que o extremo da concepção de uma “Arte Pop” é representado. E é especificamente nas obras de Marylin Monroe que uma das faces mais fortes da psique de Andy Warhol se revela. Apesar de ser fã de celebridades e de entender o caráter transitório da fama, o seu interesse estava no público e na sua devoção a uma figura como símbolo cultural da época, uma figura criada pela imprensa. Foi a publicidade que retirou Marilyn da condição de indivíduo e a colocou como um simples símbolo sexual, um objeto imagético. É o estilo neutro e documental de Warhol que reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. O desinteresse fotográfico num sorriso forçado, estereotipado, as cores vibrantes que a tornam numa caricatura, uma artificialidade assumida. Warhol secularizou o ídolo de Marilyn Monroe ao repetir constantemente seus retratos ou ao isolar o sorriso, ligando o mito da estrela aos métodos usados pelo mass media para fazer uma estrela, com variações e seqüências sucessivas, tal como num produto industrial. E Warhol não pretendeu criticar a postura de adoração do público diante de seus ídolos, tampouco a máquina de publicidade responsável pela criação dos mesmos; ele apenas devolveu para eles a sua forma de criação de um artigo de consumo. Mas ele fez mais que criar mitos através de ícones nas suas telas; ele criou o seu próprio mito. Escreveu duas autobiografias, tinha um programa na MTV relacionado com a sua frase que já era célebre ("... 15 minutos de fama"), possuía sósias que se faziam passar por ele durante conferências e acontecimentos sociais, colaborava com vários artistas, abriu seu próprio escritório de negócios artísticos (Factory), influenciou o trabalho da banda Velvet Underground, recebeu um tiro de uma líder de um movimento femista, foi um dos pioneiros a repensar a arte comercial como integrante do círculo das ”belas-artes", apresentou também uma nova concepção estética no cinema, disse que não desenharia mais e só filmaria, e então voltou para sua concepção de pinturas iniciais quando ninguém esperava. É o artista pop por excelência, pois é o único artista que possui todas as características deste movimento, e isto não se restringe apenas às suas obras: pois o próprio Warhol simboliza na perfeição esse "american way of life", a realização do sonho americano.

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