27 de maio de 2008

MIsfits

O dia era propício. O show ia rolar e isso era fato. Maquinária Rock Fest, que aconteceu no Espaços das Américas, no dia 17 de Maio de 2008, um monte de bandas de rock reunidas. Mas fila não estava tão grande assim, sorte minha! Eu ía assistir definitivamente. Misfits... Tanto tempo esperei pra ver e finalmente o que me separava deles eram algumas horas. Para minha surpresa o show começou 2 horas após eu entrar no galpão. Que por sinal, era outro lugar que estava muito quente. Não foi apenas uma exclusividade do New York Dolls, mas dessa vez os banheiros eram limpos. Em compensação os preços eram absurdos. R$4,00 uma garrafa d'água!! Prefiri tomar cerveja, afinal era o mesmo preço. A toque de caixa. Foi assim que o Misfits conduziu sua apresentação no Maquinaria Rock Fest. Mas antes de falar sobre o show, tenho que comentar a indelicadeza, e porque não estupidez da banda internacional. Mal tinha acabado de começar o show da banda Motorocker, umas 4 músicas depois, entra o Misfits para passar o som no palco. Não demorou que os fãs vizualizassem e começaram a correr para o outro palco. Na minha opinião uma falta de respeito. O vocalista do Motorocker, já sem graça ainda tentou continuar cantando em meio as vaias vindas da galera. Acho que o brasileiro deveria começar a dar valor à boa música, ainda mais se ela for nacional. Nós temos esse péssimo hábito de adorar tudo que é de fora e menosprezar o que é nosso. Eu tenho que confessar: eu fui exclusivamente para ver Misfits sim, mas ao ver a cara dos integrantes zombando da banda brasileira, foi péssimo. Eles simplismente acabaram com o outro show... Mas voltando ao assunto. Parei na hora em que falava que foi a toque de caixa que o Misfits se apresentou. Com músicas naturalmente curtas, que duram entre um e dois minutos, a banda de punk rock fez sem dúvida o show com mais canções tocadas em todo o evento. Muitos fãs com camisetas do grupo circulavam pelo Espaço das Américas e se surpreenderam com a chegada do Misfits, que subiu ao palco principal às 19h30 - muitos comentavam que esperavam assistir a banda mais no final do evento. Mesmo assim, a matinê comandada pelo baixista Jerry Only atraiu uma multidão ao tocar clássicos da era Danzig como "Die Die May Darling" e "Skulls", que foram cantadas por grande parte da platéia e também encerraram a apresentação. E foi assim que começou e assim que terminou. A impressão era que quanto mais rápido começassem, mais rápido terminariam. Eu sou fã da banda, mas não saí de lá satisfeita com o que vi. É uma pena.



The Misfits é uma banda de punk rock formada por Glenn Danzig em 1977 na cidade de Lodi, Nova Jérsei. Foram os criadores do horror punk, um sub gênero do punk rock, e exerceram influência em diversas outras bandas de rock em geral. O nome da banda foi tirado do último filme da atriz Marilyn Monroe, The Misfits.Seus integrantes originais eram Glenn Danzig nos vocais e teclado (que mais tarde fundaria uma banda com seu próprio nome), Jerry Only no baixo e Manny Martínez na bateria, entrando mais tarde Doyle na guitarra, o irmão caçula de Jerry Only.Segundo alguns, Glenn Dazig era grande fã de Elvis Presley e o visual que eles usavam seria a versão zumbi de Elvis com os topetes caídos maquilagens brancas e esqueléticas, cujo nome era "devilock".Apesar de ser uma banda pesada para a época, originalmente não dispunham de guitarrista. O grupo sempre foi polêmico: antes de um concerto, o vocalista Glenn Danzig e Henry Rollins (na época vocalista do Black Flag) agrediram os integrantes do Mötley Crüe, banda com o qual não tinham afinidade.Outras características dos The Misfits são criar canções violentas e românticas ao mesmo tempo e satirizar discos antigos ou discos de histórias infantis. Sempre seus vinis eram coloridos impressos em 7 ou 12 polegadas.Durante os anos de sua formação mais clássica, a banda não saiu do underground de Nova Iorque. Não venderam muitos discos, não lotaram arenas, não tiveram repercussão na grande imprensa musical e não impressionaram praticamente ninguém com seus músicos apenas medianos e letras baseadas em filmes de terror classe B (entre outras canções, gravaram "Night Of The Living Dead", "Brain Eaters", "Vampira", "Mommy Can I Go Out and Kill Tonight", "I Turned Into a Martian" e "Halloween"). Praticamente não chegaram a ser profissionais (todos possuíam empregos paralelos à banda).O Misfits encerrou suas atividades em 1983, quando Glenn Danzig resolveu seguir carreira solo. Em 1995, em virtude da repercussão da carreira solo de Danzig e dos covers de suas canções gravadas por Metallica e Guns N' Roses ("Last Caress" e "Attitude" respectivamente) a banda voltou à ativa. Cultuada pelos fãs e vendendo mais discos do que nunca, apesar de manter o mesmo direcionamento musical, a banda, apesar de constantes mudanças de formação, continuou se apresentando e gravando nos anos seguintes. É uma banda que lançou moda ao usar as franjas para frente e suas irreverentes maquiagens de caveira que continuam a conquistar fãs pelo mundo inteiro.

Pop Art


É engraçado como eu tenho perdido o sono nos últimos tempos com um movimento que começou aproximadamente na década de 20, com Adorno e Horkheimer. Eles usaram primeiramente um termo denominado "indústria cultural". Nesse primeiro momento os mercados começam a se expandir, mas é na década de 50, que o pós-guerra traz uma consciência crescente de que esse mundo já seria diferente do desenvolvimento da arte moderna, com o termo já determinado como é hoje, Pop Art, que veio se tornar o tema do meu grupo no Projeto Interdisciplinar III. O comportamento dos próprios artistas em relação à arte, nos dá uma idéia do viria a ser a Pop Art, uma vez que eles consideravam que ser bom nos negócios era a mais facisnante das artes, bem como trabalhar e ganhar dinheiro. A arte começa então a ser uma boa transação mercantil, rentável e é nesse contexto que começa a se desenvolver o amplo consumismo, com produtos cada vez mais mecanizados e em escalas também cada vez mais abundantes. Com isso, deu-se origem a desenhos com cores fortes, produtos da massa, unindo a publicidade à arte. Eram produtos do cotidiano, como mesas de piquenique, calças masculinas, cortinas de chuveiro, frigorificos, garrafas de coca-cola, e ainda artistas fossem eles do cinema ou música. É nessa parte que Andy Warhol (que é o artista escolhido pelo meu grupo) usa as latas de sopa “Campbell´s”, com a ajuda da seriografia, e anúncios da Coca-Cola, que viraram verdadeiros mitos. Mas mito mesmo eram os artistas transformados em “arte”, como Marilyn Monroe e Elvis Presley por exemplo, numa sequência quase imutável, que transmitia com isso a impessoalidade dos objetos em massa para o consumo, e deixava transparecer a sua impressão das personalidades como vazias, impessoais e sem conteúdo paupável. Tudo girava às críticas fossem elas da cultura de massa, consumismo exacerbado, política, personalidades, economia ou alienação.


.A Pop Art propriamente dita


A Pop Art tinha por convicção e objetivo maldizer uma sociedade que começava a reerguer celebrando o pós-guerra (e apoiando suas raízes) em um consumismo tipicamente capitalista. O movimento começa a crescer e tomar proporções desmedidas até atingir a quadrinhos, publicidade e cinema, usando de artifícios muito pouco ou nunca usados antes como tinta acrílica, poliéster, látex, gesso, unificado a cores fluorescentes, brilhantes e chamativas, operando com signos estéticos e objetos do dia-a-dia: sopas, notas de dóllar, mesas de piquenique, calças masculinas, frigoríficos, garrafas de coca-cola. Tudo isso aliada à sagacidade da serigrafia. Era uma maneira de ironizar o “American way life”. Com essa base da publicidade, e trabalhando com tamanhos hiper-reais, a Pop Art conseguiu fazer o brega virar moda, até que a arte começou a abranger mais a população, dando espaço para o povo ter um contato maior com movimentos artísticos. Sendo assim, poderíamos considerar a Pop Art, o movimento de uma geração, uma cultura marcante de uma década, um estilo de vida ou um jogo de palavras?? Ainda é possível encontrar tantos artistas bons, que retratam a Pop Art com o mesmo gosto e ideal. Em meio a tantos artistas emergentes da época, como Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg e Peter Blake, optamos por Andy Warhol, que trazia em suas obras críticas pesadas à sociedade, à televisão, aos artistas da época, e à cultura de massa. Em meados da década de 60 os artistas, defendem uma moderna, irreal, que se comunique diretamente comunique diretamente com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e vida cotidiana. A defesa do popular traduz uma atitude artística adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, esse movimento, que é considerado chato, se coloca na cena artística como um dos movimentos que recusa a separação arte/vida. E o faz pela incorporação das histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema. Assim, surge o Pop Art na Inglaterra, através de um grupo de artistas intitulados Independent Group. A primeira obra considerada pop é “O que exatamente torna os lares hoje tão diferentes, tão atraentes?”, de Richard Hamilton. Os artistas e críticos integrantes do Independent Group lançam em primeira mão as bases da nova forma de expressão artística, que se beneficia das mudanças tecnológicas e da ampla gama de possibilidades colocada pela visualidade moderna, que está no mundo – ruas e casas – e não apenas em museus e galerias. Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake são alguns dos principais nomes do grupo britânico. É possível observar nas obras Pop britânicas um certo deslumbramento pelo american way of life através da mitificação da cultura estadunidense. É preciso levar em consideração que a Inglaterra passava por um período pós-guerra, se reerguendo e vislumbrando a prosperidade econômica norte-americana. Desta forma, todas as obras dos artistas pop britânicos aceitaram a cultura industrial e assimilaram aspectos dela em sua arte de forma eclética e universal. Ao contrario do que se sucedeu na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos os artistas trabalham isoladamente até 1963, quando duas exposições reúnem obras que se beneficiam do material publicitário e da mídia. É nesse momento que os nomes de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann surgem como principais representantes da art pop em solo norte-americano. Sem estilo comum, programas ou manifestos, os trabalhos desses artistas se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas. Os artistas norte-americanos tomam ainda como referência uma certa tradição figurativa local – as colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas e emblemáticas de Jasper Johns – que abre a arte para a utilização de imagens e objetos inscritos no cotidiano. No trato desse repertório plástico específico não se observa a carga subjetiva e o gesto lírico-dramático, característicos do expressionismo abstrato – que aliás, a arte pop comenta de forma paródica em trabalhos como Pincela de Roy Lichtenstein. No interior do grupo noirte-americano, o nome de T. Wesselmann liga-se à naturezas-mortas compostas com produtos comerciais, o de Lichtenstein aos quadrinhos e o de C. Oldenburg, mais diretamente às esculturas. Como muitos outros artistas, Andy Warhol criou obras em cima de mitos. Mas ele foi muito além disso: ele relamente criou mitos. Como o exemplo de que Warhol talvez tenha contribuído mais para o mito de Marylin Monroe do que Hollywood e as revistas populares juntos. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley, Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marylin Monroe. Warhol mostrava o quanto personalidades públicas sao figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola e as latas de Sopa Campbell´s. Não se pode afirmar que a obra de Warhol foi eminentemente superficial ou esnobe, o que se comprova pelos seus quadros de desastres de ambulância, ou das cadeiras elétricas e os retratos de judeus famosos. Também foi muito importante seu trabalho como diretor de cinema, com obras filmadas totalmente diferentes e fora dos padrões da filmografia tradicional (ausência de roteiro, câmera imóvel, tentar mostrar uma “realidade mais do que real”). Mas foi nas suas obras de celebridades e objetos de consumo da massa que o extremo da concepção de uma “Arte Pop” é representado. E é especificamente nas obras de Marylin Monroe que uma das faces mais fortes da psique de Andy Warhol se revela. Apesar de ser fã de celebridades e de entender o caráter transitório da fama, o seu interesse estava no público e na sua devoção a uma figura como símbolo cultural da época, uma figura criada pela imprensa. Foi a publicidade que retirou Marilyn da condição de indivíduo e a colocou como um simples símbolo sexual, um objeto imagético. É o estilo neutro e documental de Warhol que reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. O desinteresse fotográfico num sorriso forçado, estereotipado, as cores vibrantes que a tornam numa caricatura, uma artificialidade assumida. Warhol secularizou o ídolo de Marilyn Monroe ao repetir constantemente seus retratos ou ao isolar o sorriso, ligando o mito da estrela aos métodos usados pelo mass media para fazer uma estrela, com variações e seqüências sucessivas, tal como num produto industrial. E Warhol não pretendeu criticar a postura de adoração do público diante de seus ídolos, tampouco a máquina de publicidade responsável pela criação dos mesmos; ele apenas devolveu para eles a sua forma de criação de um artigo de consumo. Mas ele fez mais que criar mitos através de ícones nas suas telas; ele criou o seu próprio mito. Escreveu duas autobiografias, tinha um programa na MTV relacionado com a sua frase que já era célebre ("... 15 minutos de fama"), possuía sósias que se faziam passar por ele durante conferências e acontecimentos sociais, colaborava com vários artistas, abriu seu próprio escritório de negócios artísticos (Factory), influenciou o trabalho da banda Velvet Underground, recebeu um tiro de uma líder de um movimento femista, foi um dos pioneiros a repensar a arte comercial como integrante do círculo das ”belas-artes", apresentou também uma nova concepção estética no cinema, disse que não desenharia mais e só filmaria, e então voltou para sua concepção de pinturas iniciais quando ninguém esperava. É o artista pop por excelência, pois é o único artista que possui todas as características deste movimento, e isto não se restringe apenas às suas obras: pois o próprio Warhol simboliza na perfeição esse "american way of life", a realização do sonho americano.

New York Dolls







Me lembro como se fosse hoje...Dia 10 de Março de 2008.Saímos da aula de modelagem naquela quinta-feira, e aquele dia parecia não passar. De jeito nenhum. Eu e a Jadhe fomos pra casa, e não conseguíamos parar de olhar para os ingressos do show: New York Dolls! Só de lembrar toda aquela correria para conseguir o ingresso R$20 mais barato, as brigas com os namorados, e as semanas que se seguiriam na pendura total, dá vontade de voltar no tempo e fazer tudo de novo! Mas voltando ao assunto, sei que foi dando a hora de irmos pro show, e passei na casa dela, e seguimos sentido Armênia, Zona Norte de São Paulo, onde aconteceria o show. No Hangar 110 pra ser mais exata. Deixamos o carro num estacionamento um pouco longe, mas foi R$10, e quanto menos gastarmos com isso, mais dinheiro sobraria pra cervejinha, que claro, logo foi providenciada na padaria mais próxima. Chegando na porta do Hangar, já começamos a entrar no clima do show. Não estava lotado, cheio, ou bombando como eu pensei que estaria, porque afinal de contas, era New York Dolls!! Sabe qual é a probabilidade de ver um show deles de novo no Brasil?? Se você considerar a idade de cada um (somando a idade todos deve dar uns 250 anos no mínimo!), que eles tem mais de 30 anos de carreira, tudo isso elevado à um alto teor de drogas e álcool consumidos continuamente, a probabilidade não deve passar dos 5%! Mas mesmo não estando tão cheio quanto eu pensei, estava um ambiente bacana, e é engraçado a capacidade que a gente tem de fazer amizades em filas. Algumas cervejas depois já estávamos lá dentro, e parecia um sonho. Um sonho que ao mesmo tempo que estava prestes a começar, isso me lembrava que estava prestes a acabar também. Mas agora pra quem não conhece muito, vamos ao que interessa. New York Dolls é uma banda seminal da inesquecível cena nova-iorquina do final dos anos 70, os Dolls foram fundamentais para a criação do movimento punk, tendo influenciado inclusive os emblemáticos Ramones. Com seu rock n’ roll descompromissado e empolgante (um "Rolling Stones junkie’ diriam alguns) e o visual chocante com cinco marmanjos totalmente em trajes femininos e maquiagens, a banda mesmo com sua curta trajetória de apenas dois discos, tornou-se um ícone da época. Os excessos não permitiram que a banda retornasse as atividades em 2004 com sua formação original, já que 3 dos integrantes originais faleceram, dentre eles o grande Johnny Thunders, guitarrista da banda que teve um melancólico e solitário final de vida. Mas David Johansen, Steve Conte e Sylvain Sylvain já valiam o ingresso e, como era de se esperar, lotaram a casa. E eu pensando que não ía. Apesar dos organizadores divulgarem que inúmeras mudanças seriam realizadas na casa, o Hangar 110 ainda se mostrou extremamente deficiente para receber apresentações desse porte: ventilação péssima (o que deixou o ambiente extremamente quente, eu e a Jadhe suávamos que nem tampa de marmita!), banheiro pequeno, bar insuficiente para atender o número de pessoas presentes (um único caixa para atender aproximadamente 800 pessoas, provocando uma fila enorme durante boa parte do evento), além da pobre acústica do local e da falta de estacionamentos suficientes. De qualquer forma, uma lenda do rock n’ roll subia ao palco naquela noite, e nem os problemas estruturais relacionados acima estragariam o histórico show. Foi muita sorte nossa estar lá. A abertura da noite ficou a cargo dos Forgotten Boys, banda bastante influenciada pelo New York Dolls e respeitada no cenário rocker paulista já há alguns anos. Apesar de cada vez mais profissional e entrosada, a banda mostrou que seu repertório vem perdendo força a cada novo disco. Depois do ótimo "Gimme More", a banda lançou um disco regular ("Stand by the D.AN.C.E") e algumas músicas do disco que a banda está finalizando atualmente foram apresentadas, mas não empolgaram a platéia, que a certa altura já demonstrava certa impaciência com a permanência da banda no palco. Qualidade e presença de palco a banda tem, como mostrou no cover de “1970” dos Stooges já no final do show. Só falta resgatar alguma coisa que acabou ficando para trás com o passar dos anos e que claramente está fazendo falta para os Forgotten Boys.

Já passava das 23h, de várias cervejas e vodkas quando as cortinas se abriram e Syl Sylvain entrou acenando para a platéia, que imediatamente foi à loucura. Era o início da festa e logo os primeiros acordes de "Babylon" foram ouvidos e David Johansen de jaqueta, babylook, calça justa e lenço na cintura tomou conta do palco, cantando e rebolando como nos áureos tempos. Sem dúvida alguma, a figura central do show foi Johansen, que se mostrou um frontman perfeito, empolgado, carismático, sorrindo o tempo todo e mostrando a satisfação de ainda conseguir incendiar uma platéia mesmo depois de 30 anos de carreira. Os demais integrantes da banda mostraram muita competência e segurança, e principalmente o baixista Sammi Yaffa, provavelmente pela experiência adquirida à frente do grande Hanoi Rocks nos anos 80. Além de técnica, o baixista mostrou muito carisma, dividindo o microfone com Sylvain. Por sinal, Sylvain parecia mais empolgado agora do que na época clássica da banda, talvez por não ter mais que dividir as atenções com Thunders. Competente nos backing vocals e brincando constantemente com a platéia e com os demais integrantes, Sylvain mostrou estar vivendo intensamente aquele momento.O repertório foi fantástico, cobrindo os clássicos dos dois primeiros discos ("New York Dolls" de 1973 e "Too Much Too Soon" de 1974) e alguns destaques do disco de retorno da banda ("One Day It Will Please Us To Remember Even This" de 2006). Foi emocionante e inesquecível ver e ouvir clássicos imortais do rock como “Puss and Boots”, “Human Being”, “Jet Boy”, “Subway Train”, “Stranged in the Jungle”, “Looking for a Kiss”, “Lonely Planet Boy” e “Trashed”. Após uma hora e meia de show, a banda anunciou o fim da noite e deixou o palco, mas ninguém arredou o pé do Hangar. Todos sabiam que o melhor estava por vir. E em poucos minutos a banda voltou ao palco para tocar seu maior clássico. “Personality Crisis” foi cantada em uníssono pela platéia, que lavou a alma e viu a banda se despedir abraçada no palco. Platéia suada, cansada, acabada, mas todos com um enorme sorriso no rosto. Em tempos onde as bandas se preocupam mais com suas roupas e cortes de cabelo do que com a música, o New York Dolls mostrou que vestidos de mulher e com penteados epalhafatosos fizeram o que há de melhor em matéria de Rock n’ Roll. E que ainda podem fazê-lo por um bom tempo. Pra finalizar, eu consegui pegar o que era pra ser uma flor que o David jogou, mas graças aos meus 1,53m consegui pegar apenas as folhinhas, pois veio um sujeito mais alto e pegou a minha flor bem em cima de mim. Mas saí satisfeita. O projeto de flor continua e continuará guardada comigo para sempre desse show que pra mim foi mágico, assim como o ingresso, que não poderia ter outra cor: rosa. Consegui memorizar cenas que certamente ficarão apenas na minha memória, mas ver o David e o Steve de pertinho já valeu o banheiro ruim, o estacionamento longe, o bar entupido de gente e o calor. Foi incrível ver que mesmo após 30 anos, as calças justas, as camisetas, os lenços, os cabelos bem cortados e ornamentados (um pouco mais brancos talvez), as atitudes "rock" continuam em alta e fazendo a "moda" que meu coração adorou ver e cantar naquela noite. Eu e Jadhe chegamos em casa totalmente esgotadas, e fomos direto para a faculdade no dia seguinte. Mas estávamos de alma lavada.


Foto do show