Nesse SPFW tive a oportunidade de trabalhar no backstage de Mário Queiroz, na sua coleção SS 08/09. A coleção foi inspirada em um artista venezuelano, Jesus Rafael Soto, que trabalha a arte cinestésica. Isso lhe rendeu estampas da "Op Art". A silhueta é bem sequinha, misturando a alfaiataria com o streetwear, deixou a moda masculina mais despojada e inteligente. Sem contar que ficou sensual na medida certa. Com shorts curtos, camisas, calças e paletós e sobreposições os modelos desfilaram. Também se encontrou muitas padronagens xadrez e coletes que continuarão em alta. Paetês e canutilhos foram fortes na coleção, dando um brilho a mais. Os corpos dos modelos pintados deram todo o link final, sobre o trabalho de Soto em sua coleção, uma vez que ele trabalha muito bem as listras. O dourado foi muito forte, assim como os tecidos leves (com exceção aos tecidos usados nos paletós). A trilha sonora não poderia ter sido melhor. Só posso dizer que foi muito bom acompanhar de pertinho o dia inteiro do desfile!!
24 de junho de 2008
Ken Park
Filmes que expõem as mazelas de nossa sociedade hipócrita, escancaram suas entranhas e escandalizam os mais puritanos me atraem em particular. Independente da qualidade, passível de ser criticada como em qualquer filme, gosto da iniciativa de diretores que têm a coragem de pôr a mão na ferida, de causar aquela sensação incômoda no espectador ao depará-lo com a realidade nua e crua que muitos preferem ignorar. Larry Clark, de Kids e Bully, é um desses cineastas que sabem causar desconforto e, ainda, imprimir qualidade a suas produções. Mas se você acha que já viu tudo em matéria de crueza, prepare-se para Ken Park. Para ser ter uma idéia, quando foi exibido no Festival de Veneza em 2002, muitos críticos se recusaram sequer a vê-lo. Durante sua projeção, em diversos lugares do mundo, a cena se repetia: espectadores ofendidos deixando a sessão pela metade. Alguns países nem ao menos cogitaram sua exibição, mesmo que para o público adulto.Ken Park, exibido por aqui nas mostras do Rio e São Paulo há alguns anos, chegou nos cinemas e, quem tive a oportunidade e estômago para vê-lo, entendeu o porquê de toda essa polêmica em torno do filme. Clark volta a abordar as idiossincrasias dos adolescentes problemáticos, mas vai além ao usar sexo explícito para contar a história de quatro jovens perdidos numa sociedade que os rejeita ou é rejeitada por eles. São eles Shawn (James Bullard), que transa com a mãe da namorada; Claude (Stephen Jasso), um jovem apaixonado por skate oprimido pelo pai beberrão; Tate (James Ransone), que convive com os avós a quem odeia e maltrata; e Peaches (Tiffany Limos), uma garota obrigada a lidar com o pai viúvo e fanático religioso. Todos eles conheciam de vista Ken Park, garoto suburbano que comete suicídio logo no início da fita, dá nome ao filme, mas pouco tem a ver com a narrativa. Apenas no final descobrimos os motivos que o levaram a se matar.Definir Ken Park não é tarefa fácil. Bom? Ruim? Mediano? Isto depende muito da tolerância de cada espectador. Clark não faz concessões, não é parcimonioso em nenhum momento. Ao contrário, o filme prodigaliza cenas de sexo entre os adolescentes (na verdade, adultos bem caracterizados): oral, ménage à trois, sadomasoquismo. Tudo explícito, com closes generosos tanto nas genitálias femininas quanto nas masculinas. Algumas cenas causam repugnância e soam propositadamente gratuitas, como a do personagem Tate se masturbando e se auto-asfixiando enquanto ouve uma jogadora de tênis arfar durante um jogo transmitido pela TV. Se Ken Park fosse o primeiro longa de Clark, poderíamos acusá-lo sem pestanejar de gratuidade com o objetivo claro de chocar. Mas o diretor já deu mostras anteriores de que é capaz de não sucumbir a este expediente para conseguir chamar a atenção. Na verdade, ao meu ver, ele fez uma espécie de caricatura de uma juventude perdida em seu próprio tempo. Há exagero, mas há também verdade e honestidade em seu filme. Na tela, além de sexo, o que se vê é uma crítica ácida ao modo como as pessoas costumam enfrentar as frustrações da vida. Os adultos dissimulando as suas e deixando os jovens sem referências para lidarem com as deles. O resultado pode ser...Ken Park.
Irreversível
Irreversível é um filme que incomoda desde o início – ou eu deveria dizer 'final'? A primeira coisa que surge na tela são os créditos de encerramento, que, como se não bastasse, vão gradualmente 'entortando', o que cria uma forte sensação de desconforto no espectador. Além disso, durante boa parte do primeiro ato, a câmera parece girar incontrolavelmente, impedindo que vejamos claramente o que está acontecendo. Não é à toa que, em todas as exibições desta produção, várias pessoas acabam abandonando a sala antes da metade da projeção.
E isto é uma pena, já que Irreversível é absolutamente genial. Apesar de contar uma história bastante simples (mulher é estuprada e seu namorado parte em busca de vingança), o filme se torna fascinante, narrando a trama em cronologia inversa, ou seja: começando na vingança e terminando em um período anterior ao estupro. Assim, quando encontramos Marcus (Vincent Cassel) pela primeira vez, somos levados a acreditar que o sujeito é um indivíduo animalesco, tamanho seu ódio. Porém, à medida em que vemos a raiva do personagem ser gradualmente 'desconstruída', percebemos que ele é uma pessoa comum, e que sua ira é fruto de uma tragédia - o que nos leva à inevitável conclusão de que, conforme as circunstâncias, qualquer um de nós poderia exibir aquele tipo de comportamento. E o cineasta Gaspar Noé é hábil ao ilustrar a confusão mental de seus protagonistas justamente através da movimentação de sua câmera – e, com isso, os quadros vão ficando mais estáveis à medida em que Marcus e seu amigo Pierre (Albert Dupontel) vão se 'acalmando' (o que se revela um recurso inteligentíssimo). Mas a fluidez da câmera não funciona apenas como 'termômetro' do estado psicológico dos personagens; a intensa movimentação dos quadros permite, também, que Noé crie belas transições no tempo e no espaço: no tempo, em função do retorno cronológico da narrativa, que é muitas vezes realizado através de cortes ocultados pela constante movimentação; e, no espaço, graças às fusões que se tornam imperceptíveis também através do movimento intenso (em certo momento, por exemplo, a câmera mergulha no interior de uma ambulância, passando, em seguida, para um camburão – e somos levados a acreditar que tudo foi feito em uma tomada contínua, o que não é verdade). Aliás, Irreversível é repleto de planos-seqüência (longas tomadas sem cortes) memoráveis, como aquela em que a câmera, inicialmente situada no banco dianteiro de um automóvel, parece sair do carro (que se encontra em alta velocidade) e focalizar os passageiros no banco traseiro, voltando a entrar pela janela dianteira momentos depois. No entanto, este longa não é apenas um prodígio técnico, já que o cineasta utiliza a trama para fazer curiosas indagações morais e sociais: logo no início da projeção, por exemplo, entramos em uma boate gay que chega a assustar pela depravação ali promovida (e percebam que costumo me considerar um sujeito liberal). Enquanto busca informações, Marcus interroga vários clientes do estabelecimento (cuja decoração remete ao Inferno) e é recebido com respostas como 'Enfia o punho em mim que eu digo!' e 'Me bate que eu conto!'. Porém, em vez de julgar, Noé mostra, posteriormente, uma festa promovida por burgueses heterossexuais e que também se assemelha a uma orgia. É como se o filme perguntasse: existe uma diferença real entre os dois lugares? Por que condenamos um e tendemos a aceitar o outro? Ao mesmo tempo, Irreversível promove um fascinante estudo – não de personagem, mas sim sobre o comportamento humano. Quando assistimos a uma conversa entre Marcus, Pierre e Alex (Monica Bellucci), que discutem o orgasmo, o assunto abordado é totalmente irrelevante, já que Gaspar Noé quer, na realidade, que compreendamos a dinâmica entre estas três pessoas, que as observemos em um ambiente de normalidade – e, a partir daí, percebamos como um homem carinhoso e gentil pode se converter em um assassino em questão de minutos (não estou revelando nada de importante, já que o crime em questão acontece nos primeiros minutos da história). E já que citei o assassinato, devo avisar que Irreversível não faz concessões ao espectador: enquanto outros diretores desviariam a câmera para evitar que a platéia visse os resultados dos golpes de um extintor de incêndio na cabeça de um homem, Noé faz a mais absoluta questão de manter o foco no rosto da vítima, que é gradualmente destruído diante de nossos olhos (o efeito foi obtido através de computação gráfica). Da mesma forma, a já famosa seqüência do estupro é realizada em uma única tomada, transformando-nos em testemunhas impotentes do drama de Alex (a performance de Bellucci nesta cena é estupenda). Defendendo a cruel teoria de que o 'tempo destrói tudo', Irreversível realça a dimensão da tragédia de seus três protagonistas ao levar o espectador a conhecer, primeiramente, o terrível destino que os aguarda. Assim, quando vemos aquelas pessoas em uma época ainda feliz, o peso do futuro confere um ar sombrio a tudo o que vemos – e a 'revelação' feita nos minutos finais da projeção intensifica este sentimento. Quando o filme chegou ao fim, confesso que chorei – não pelo que havia acontecido, mas sim em função do que ainda iria acontecer.
E isto é uma pena, já que Irreversível é absolutamente genial. Apesar de contar uma história bastante simples (mulher é estuprada e seu namorado parte em busca de vingança), o filme se torna fascinante, narrando a trama em cronologia inversa, ou seja: começando na vingança e terminando em um período anterior ao estupro. Assim, quando encontramos Marcus (Vincent Cassel) pela primeira vez, somos levados a acreditar que o sujeito é um indivíduo animalesco, tamanho seu ódio. Porém, à medida em que vemos a raiva do personagem ser gradualmente 'desconstruída', percebemos que ele é uma pessoa comum, e que sua ira é fruto de uma tragédia - o que nos leva à inevitável conclusão de que, conforme as circunstâncias, qualquer um de nós poderia exibir aquele tipo de comportamento. E o cineasta Gaspar Noé é hábil ao ilustrar a confusão mental de seus protagonistas justamente através da movimentação de sua câmera – e, com isso, os quadros vão ficando mais estáveis à medida em que Marcus e seu amigo Pierre (Albert Dupontel) vão se 'acalmando' (o que se revela um recurso inteligentíssimo). Mas a fluidez da câmera não funciona apenas como 'termômetro' do estado psicológico dos personagens; a intensa movimentação dos quadros permite, também, que Noé crie belas transições no tempo e no espaço: no tempo, em função do retorno cronológico da narrativa, que é muitas vezes realizado através de cortes ocultados pela constante movimentação; e, no espaço, graças às fusões que se tornam imperceptíveis também através do movimento intenso (em certo momento, por exemplo, a câmera mergulha no interior de uma ambulância, passando, em seguida, para um camburão – e somos levados a acreditar que tudo foi feito em uma tomada contínua, o que não é verdade). Aliás, Irreversível é repleto de planos-seqüência (longas tomadas sem cortes) memoráveis, como aquela em que a câmera, inicialmente situada no banco dianteiro de um automóvel, parece sair do carro (que se encontra em alta velocidade) e focalizar os passageiros no banco traseiro, voltando a entrar pela janela dianteira momentos depois. No entanto, este longa não é apenas um prodígio técnico, já que o cineasta utiliza a trama para fazer curiosas indagações morais e sociais: logo no início da projeção, por exemplo, entramos em uma boate gay que chega a assustar pela depravação ali promovida (e percebam que costumo me considerar um sujeito liberal). Enquanto busca informações, Marcus interroga vários clientes do estabelecimento (cuja decoração remete ao Inferno) e é recebido com respostas como 'Enfia o punho em mim que eu digo!' e 'Me bate que eu conto!'. Porém, em vez de julgar, Noé mostra, posteriormente, uma festa promovida por burgueses heterossexuais e que também se assemelha a uma orgia. É como se o filme perguntasse: existe uma diferença real entre os dois lugares? Por que condenamos um e tendemos a aceitar o outro? Ao mesmo tempo, Irreversível promove um fascinante estudo – não de personagem, mas sim sobre o comportamento humano. Quando assistimos a uma conversa entre Marcus, Pierre e Alex (Monica Bellucci), que discutem o orgasmo, o assunto abordado é totalmente irrelevante, já que Gaspar Noé quer, na realidade, que compreendamos a dinâmica entre estas três pessoas, que as observemos em um ambiente de normalidade – e, a partir daí, percebamos como um homem carinhoso e gentil pode se converter em um assassino em questão de minutos (não estou revelando nada de importante, já que o crime em questão acontece nos primeiros minutos da história). E já que citei o assassinato, devo avisar que Irreversível não faz concessões ao espectador: enquanto outros diretores desviariam a câmera para evitar que a platéia visse os resultados dos golpes de um extintor de incêndio na cabeça de um homem, Noé faz a mais absoluta questão de manter o foco no rosto da vítima, que é gradualmente destruído diante de nossos olhos (o efeito foi obtido através de computação gráfica). Da mesma forma, a já famosa seqüência do estupro é realizada em uma única tomada, transformando-nos em testemunhas impotentes do drama de Alex (a performance de Bellucci nesta cena é estupenda). Defendendo a cruel teoria de que o 'tempo destrói tudo', Irreversível realça a dimensão da tragédia de seus três protagonistas ao levar o espectador a conhecer, primeiramente, o terrível destino que os aguarda. Assim, quando vemos aquelas pessoas em uma época ainda feliz, o peso do futuro confere um ar sombrio a tudo o que vemos – e a 'revelação' feita nos minutos finais da projeção intensifica este sentimento. Quando o filme chegou ao fim, confesso que chorei – não pelo que havia acontecido, mas sim em função do que ainda iria acontecer.
Amélie Poulain
Em certo momento de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, a personagem-título, ansiosa com o atraso de uma pessoa, começa a imaginar os motivos que poderiam ter provocado a demora e só consegue pensar em duas razões: a primeira é incrivelmente simples, mas a segunda é tão criativa que se torna inacreditável. E esta característica, a imaginação exacerbada, é justamente a marca registrada de todo o roteiro, que possui idéias suficientes para mais dez filmes. Escrita por Guillaume Laurant, a história gira em torno de Amélie Poulain (Tautou), uma jovem solitária que, certo dia, encontra em seu apartamento uma caixinha contendo diversos brinquedos que foi escondida por um garoto que morou ali há várias décadas. Sem ter muitos propósitos na vida, a moça resolve devolver o objeto para seu dono e, sentindo-se recompensada pela reação deste, decide solucionar os problemas de todas as pessoas com quem convive. No entanto, suas estratégias jamais se aproximam do óbvio e, com isso, ela bola planos complicadíssimos que muitas vezes (mas não sempre) funcionam melhor do que uma conversa franca (a maneira que ela encontra para estimular o pai a viajar é uma das melhores coisas do filme). O que Amélie parece compreender muito bem é que, de modo geral, são os pequenos detalhes que determinam o grau de satisfação com que levamos nossas vidas: prazeres rotineiros ou contratempos triviais quase sempre definem aquilo que costumamos julgar como sendo um 'bom' ou um 'mau' dia. Da mesma forma, são nossas preferências mais sutis que, de um jeito ou de outro, acabam servindo como indícios de nosso caráter – e o filme acerta em cheio ao apresentar alguns de seus personagens através daquilo que eles gostam ou não: uma vizinha de Amélie gosta de ouvir o barulho da tigela de leite batendo no azulejo do chão de sua cozinha; e a heroína adora ver a expressão das pessoas em uma sala de cinema. São observações como estas que demonstram algo que fica claro ao longo da projeção: os realizadores de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain apreciam verdadeiramente as particularidades da natureza humana e, portanto, analisam com sensibilidade os efeitos que certos acontecimentos (como a morte ou o término de um relacionamento) exercem sobre as pessoas. Além disso, o filme consegue conferir beleza aos atos mais simples, como no momento em que um personagem cata alguns grãos de açúcar que se encontram sobre a mesa. Porém, ao contrário do que muitos poderiam imaginar a partir das constatações acima, Amélie jamais se torna um filme maçante. Ao contrário: caso tivesse sido produzido por Hollywood, vários críticos não hesitariam em classificá-lo como uma produção 'comercial', já que funciona também como um passatempo descompromissado, repleto de tiradas divertidíssimas. Boa parte da responsabilidade por este sucesso cabe, é claro, ao roteiro de Laurant, mas isso não quer dizer que o excepcional trabalho do cineasta Jean-Pierre Jeunet deve ser relegado a um segundo plano: associados à belíssima fotografia de Bruno Delbonnel, os enquadramentos e movimentos de câmera criados pelo diretor conferem grande fluidez e dinamismo ao filme, tornando a experiência ainda mais alucinante (e quando digo 'alucinante', estou sendo quase literal, já que as reflexões dos personagens vistos no filme acontecem, em alguns casos, como incríveis delírios visuais). Como se não bastasse, Jeunet faz uma sutil referência ao maravilhoso Delicatessen, que co-dirigiu ao lado de Marc Caro em 1991, ao mostrar a interferência de um 'encontro sexual' sobre os objetos espalhados na lanchonete em que a protagonista trabalha. Enquanto isso, Audrey Tautou cria uma Amélie absolutamente adorável, que está sempre vendo o mundo com olhos arregalados de admiração... e preocupação. Amélie não é apenas uma jovem sonhadora e sensível – ela também é uma moça solitária que, é importante dizer, encontra em suas missões uma forma de preencher o vazio de sua própria existência, o que a transforma em uma personagem ainda mais interessante (aliás, durante os créditos iniciais podemos ver algumas de suas brincadeiras durante a infância, o que aumenta ainda mais nossa proximidade com a moça). Assim, à medida em que a história se desenvolve, Amélie se torna cada vez mais 'real' – e passamos a compreender melhor sua filosofia de vida ('Quando o dedo aponta para o céu, o imbecil olha para o dedo', alguém diz em certo momento do filme, seguindo instruções da garota). Ao contrário daquilo que acontecia em Delicatessen, desta vez Jean-Pierre Jeunet não constrói um universo surrealista para ambientar sua história: a Paris vista em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é fantasiosa, mas não fantástica. E é desta forma que o diretor consegue extrair o mágico do cotidiano e escrever poesia a partir do banal. Mas seria Amélie anjo? A espécie de tortura psicológica a que ela submete uma personagem é moralmente correta? Não, na verdade não é. Se o seu objetivo fosse fazer felizes todas as pessoas do mundo, tentaria não só fazer ver ao merceeiro abusador que o seu comportamento está errado, como também incentivaria o seu assistente abusado, a “defender-se” pelos seus próprios meios. Temos aqui, pois, um conjunto de atos mais motivados por uma certa vingança e satisfação pessoal com os resultados, do que propriamente com “fazer o bem”. Quanto a mim, não faz sentido partir de um pressuposto errado (que a moça é um anjinho e que só faz o bem), para depois criticar o argumento dizendo que afinal não faz tão bem assim. Ela é apenas humana, e estamos a falar apenas de um filme, não de um tratado moral. Mesmo incapaz de “mudar o mundo” do espectador, Amélie não decepciona aqueles que a procurarem sem exigirem que se conforme com a sua idéia particular do que arte cinematográfica deve ser (mais Nouvelle Vague, talvez), seja em termos de “densidade” narrativa, seja em termos de tratamento visual. Quem considere que qualquer movimento ou ângulo de câmara pouco convencional ou qualquer imagem “artificial” e irreal se reconduz a um “estilo MTV”, não terá a capacidade para se deixar seduzir. O filme é belo, simples e emocionante, em particular para quem o for ver enquanto filme (em abstrato) e não enquanto “arte e ensaio” (por mero acaso sob a forma de filme), com base em conceitos cada vez mais diluídos. Indico e cada vez que posso alugo de novo. Simplismente fantástico!
Tecelagens e seus estoques!
O meu inter desse semestre veio repleto de surpresas. A começar pelo meu grupo (apenas eu e a Jadhe), já saberíamos que iríamos ter trabalho de sobra em apenas duas. Mas valeu a pena. Porém o interessante dessa história toda, foi a nossa busca atrás dos tecidos da peça que a gente estava desenvolvendo. A roupa era linda no papel, então teríamos que encontrar um tecido à altura certo? Os professores nos indicaram tecelagens que você só não paga pra passar na porta, porque não tem como, pois são caríssimas, mas fomos ver né, quem sabe eles tivessem um estoque incrível...Fomos em todas as tecelagens possíveis na Rua Augusta, mas seus estoques realmente incríveis variavam de R$100 a R$240 o metro dos tecidos, importados... Não preciso nem dizer que a gente voltou pra casa totalmente frustradas, não tínhamos essa grana! Sem dizer que o zíper que encontramos custava na média R$200. Um mísero zíper! Mas ok, quem pode pode não é? E como não estávamos podendo, fomos até a GJ na 25 de Março. A loja é realmente demais, tem tudo que você procura, mas ainda não tínhamos encontrado o shantung que a gente procurava. Parecia que ele existia só na nossa cabeça. A gente já estava quase desistindo quando indicaram uma tecelagem que era tão perto da nossa casa e a gente nunca tinha entrado! A Tecelagem La Mode em Moema, na Alameda dos Nhambiquaras com a Aratãs. Fica próxima à Tecelagem Lorena. Fomos super bem atendidas e Seu Pedro e o Silvério acabaram se tornando peças chaves no nosso inter, porque o tanto de vezes que fomos lá e ficamos horas pechinchando e discutindo como teria que ser o tecido e a modelagem...Até que Seu Pedro resolveu mostrar o ouro e trouxe um tecido importado da França, estoque mesmo, pois eram os dois últimos metros do rolo e era do tempo que se amarrava cachorro com linguiça! Foi então que a gente percebeu que o tecido existia!!!! Ele não estava apenas nos nossos pensamentos, ele era real! Era um shantung dupion de seda com poliéster, que tinha o brilho certo, a cor certa, a tonalidade certa, a textura certa e o caimento certo! Posso até afirmar com quase 100% de certeza que o tecido estava esperando pela gente. E o melhor de tudo: o preço! Por ser importado e tratar-se de um tecido muito fino, era de se esperar que custasse os olhos da cara, certo? Errado! Em comparação com a 25 de Março que um shantung dupion que nem era de seda e muito menos o que a gente procurava estava R$78 o metro, e os outros preços exorbitantes da Augusta, conseguimos sair de um preço de R$125 o metro para R$90. Mas o complemento ainda estava por vir. Parecia que nosso sonho tinha se tornado realidade de verdade. A outra peça que iria por cima, um pelerine na cor pérola ainda atormentava nossos pensamentos. Mas outra vez Seu Pedro trouxe a luz. O mesmo shantung dupion que o preto, tinha na cor pérola! Eu tava soltando fogos por dentro. E o melhor: era outra peça de estoque, ou seja, iria rolar outro desconto, mesmo porque esse era menor ainda, era o último metro!!! A nossa busca tinha acabado. O tecido existia. E não coloquei o preço dos tecidos aqui só pra falar o quanto gastei, mas é temos um pouco daquilo "Tecelagem na zona sul são os olhos da cara". Realmente são mesmo. Mas os estoques, não tem nada igual. E saiu praticamente o mesmo preço que teria saído na 25 de Março. O que quero passar com esse post é que é só bater perna e pechinchar que tudo se encaixa! Essas tecelagens atendem um público que compra muitos metros, então se você estiver precisando de um ou dois, será como uma mão lavar a outra. A gente desencalhou aqueles tecidos que estavam lá a anos e que nunca seriam vendidos pelas suas metragens, e eles resolveram o nosso problema do inter. Sem dizer que aprendi coisas na prática com Seu Pedro e o Silvério que não vou aprender em faculdade nenhuma, se chama experiência de vida. E eles tiveram toda a paciência do mundo com a gente para nos ensinar o que sabiam. E o nosso inter agradece! Como não tenho nenhuma foto da tecelagem, resolvi colocar a peça pronta...
Benedito Calixto
Programa ideal para um sábado de sol e divertido. Encontra-se de tudo nas barraquinhas, desde cds raros a móveis antigos, incensos artesanais e roupas feitas à mão. Pra encontrar pessoas e paquerar. A feira lota mesmo durante a tarde. Algumas das bancas dos camelôs que ficam ao longo da rua Teodoro Sampaio, nas cercanias da praça, como a do Rogério, especialista em animes, são mais interessantes hoje em dia que a maioria das barraquinhas da praça. Mais que 300 expositores, comida típica, é o famoso chorinho de Canário e seu Regional. Jóias coloridas, velhos livros, talheres de prata e discos fora do catálogo que só se acha aqui. Além da boa comida, como um delicioso Acarajé. Depois dançando um chorinho, tomando uma gelada...Infelizmente a feira não é mais o que costumava ser. Hoje encontra-se ainda algumas antiguidades é verdade, mas a feira anda se tornando aquele negócio "tem cara de antigo e eu não quero mais, vou vender na Calixto!". O que é uma pena, pois a feira era incrível, pois além da comida da própria feirinha, existem restaurantes ao redor muito bons. Mas ainda continua sendo uma boa opção, pois o chorinho continua cada vez mais animado! Ainda bem né!
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