28 de maio de 2008

25th Of March Street

Você precisa de uma bolsa nova e está sem muito dinheiro? 25 de Março! Você está procurando tecidos para qualquer fim, seja ele confecção própria ou trabalhos de faculdade? 25 de Março! Está querendo artigos que andam em altas nas novelas? 25 de Março? Quer aquela caneta que dá choque? Ou talvez artigos para festas, carnaval, bijuterias, papelaria, eletroeletronicos, ouro, prata? 25 de Março! O fato é que a 25 de Março se tornou um ponto de referência, com cara própria e suas próprias leis. É possível encontrar de tudo, seja nos camelôs, nas galerias ou nas lojas de rua. Armarinhos Fernandes é bom para quem procurar artigos de papelaria (por sinal comprei muito material barato lá), costura em geral, brinquedos, artigos de perfumaria popular, e artigos para festas de crianças. Tem um enorme número de filiais ao longo da rua. Já saindo do metrô São Bento, um pouco depois em uma galeria, é possível encontrar GJ Tecidos. Tem um mundo de tecidos, rendas, não-tecidos, barbatanas (Vivienne Westwood compra as suas lá, como a própria mesmo já falou) e dentro dessas opções infindades de cores e texturas. Seu preço não é dos melhores, mas também não é dos piores. A rua 25 de Março possui uma infinidade de produtos a oferecer, como por exemplo a Katmandu. Essa loja encontra-se localizada no final da 25 de Março, sentido Parque Dom Pedro. Além de encontrar produtos indianos para decoração, há uma linha de confecção 100% indiana (os produtos são todos importados diretamente da Índia), sapatos, móveis, incensos. Seu preço não é lá muito barato mas o produto é de qualidade garantida. Na esquina da Ladeira Porto Geral com a 25 de Março está localizada uma das principais lojas de tecidos populares da região. Niazi Chohfi. É raro você entrar na loja e ser atendido em menos de 10 minutos, não por imcompetência, mas sim por hiper-lotação. Você encontra desde o mais vagabundo dos algodões crus, até lingerie e artigos para confecção de cortinas. É uma loja de preços populares, que é possível encontra de tudo um pouco, e muito conhecida por todos, desde as donas de casa até Marie Rucki - diretora do Stúdio Berçot - pois quando esteve no Brasil, ministrando curso em São Paulo, levou seus alunos para lá. A Galeria Pagé pode ser encontrada na Barão de Duprat ou na Affonso Kherlakian. É um mundo de eletroeletronicos, roupas, acessórios, artigos de informática, etc. Preços são super acessíveis a todos os níveis da população. Lá vendem desde uma cópia de uma calça "Dolce Alabama" até uma cópia muito bem feita da mesma. Mp4, máquinas digitais, roupas, tênis, bolsas, óculos são os artigos mais procurados pelos consumidores. Esse é um panorama principal da rua. Além das lojas e galerias, há também os camelôs. Este é um capítulo a parte. Para conhecê-los, somente indo lá você mesmo. Mas leve apenas o necessário, de prefêrencia em bolsa pequena, transpassada, pois há furtos frequentes na rua. Tirando esse contratempo e o fato da rua estar sempre lotada, e todas as suas vertentes, eu recomendo a visita. Boa sorte e boas compras!

Cyndi Lauper





Cyntia Ann Stephanie Lauper nasceu no dia 22 de junho de 1953, em Nova York. Cyndi começou a tocar violão aos 12 anos, quando também escreveu a primeira música, chamada “Greensleeves”. As experiências profissionais na área musical chegaram em 1977, com a participação em bandas cover, cantando Led Zeppelin, Bad Company e Jefferson Airplane, entre muitos outros. Naquele ano, Cyndi teve problemas com suas cordas vocais pelo excesso de uso da voz, o que a deixou afastada dos palcos por um tempo.Após uma terapia para a voz, a cantora criou uma banda, a Blue Angel, ao lado de John Turi, um multi-instrumentista. Em 1980, lançou o primeiro disco, homônimo, que serviu para colocá-la de vez no mercado fonográfico. Três anos se passaram e Cyndi pôde comemorar o contrato para sua carreira solo com a Portrait Records. O álbum de estréia, “She’s So Unusual”, vendeu cerca de 4,5 milhões de cópias nos Estados Unidos.Quatro canções entraram para o Top 5: “Girls Just Want To Have Fun”, “Time After Time”, “All Through The Night” e “She Bop”. Ainda em 1983, Cyndi recebeu diversos prêmios, entre eles o de melhor revelação do Grammy, um resultado incrível para o primeiro disco. O ano seguinte foi bem puxado, ela trabalhou sem parar e esteve em 150 cidades, chegando à marca de 300 shows. Uma curiosidade sobre o material é que as camisetas vendidas com o nome de Cyndi foram desenhadas por ela mesma.Em 1985, Cyndi Lauper voltou às paradas musicais com “The Goonies ‘R’ Good Enough”, canção tema do filme “The Goonies”. Ela ainda esteve no USA for África, em que vários artistas gravaram um disco com a música “We Are The World” para ajudar no problema da fome no continente. No ano seguinte, saiu o segundo disco solo, “True Colors”, pela gravadora Sony, com co-produção da cantora. A música título recebeu, ainda, uma indicação ao Grammy. Entre as participações do disco, estavam: Billy Joel, Nile Rodgers, Rick Derringer e Aimme Mann. Após um bom tempo divulgando o novo trabalho, Cyndi participou de um projeto político na União Soviética com outros grupos para gravar “Music Speaks Lauder Than Words”, com a canção “Cold Sky”.A popularidade de Cyndi era incrível e logo veio a estréia no cinema, no filme “Vibes”, com Jeff Goldblum, que foi malhado pela crítica em 1988. Mas no ano seguinte, ela estava de volta com o novo álbum, “A Night To Remember”. O sucesso dela não havia mudado: canções nas paradas musicais, turnês esgotadas e prêmios para músicas e clipes. Alguns meses depois, ela voltou ao set de filmagens em “Fora de Controle”. Mas desta vez foi especial, pois foi lá que conheceu David Thornton, com quem se casou em 1991.No mesmo ano do casamento, Cyndi lançou “Hat Full Of Stars”, que tornou-se o disco mais elogiado de sua carreira. A revista Rolling Stones e os jornais The New York Times e The Los Angeles Times não pouparam elogios.Em 1994, mais um novo projeto para Cyndi: a estréia em Sitcom. Ela foi a convidada da série “Mad About You”, uma das comédias de maior sucesso nos Estados Unidos e chegou a ser indicada a um prêmio pela participação no Emmy. Apenas um ano depois, ela repetiu a dose participando novamente da série e, desta vez, levou o prêmio Emmy.Em 1996, Cyndi lançou o disco “Sisters of Avalon”, no Japão, que só chegou ao resto do mundo no ano seguinte. Ela co-escreveu todas as 13 canções, 11 delas com o seu tecladista, Jan Pulsford. Em abril de 1997, um pouco antes de entrar em turnê nos Estados Unidos como convidada de Tina Turner, Cyndi anunciou que estava grávida. Em novembro, nasceu o filho, Declyn Wallace.Em 1998, Cyndi foi convidada a estrelar sua própria série, mas ela nunca foi lançada. No final do ano, lançou um álbum de músicas natalinas e terminou seu contrato com a Sony. O ano seguinte também foi fraco, ela esteve em dois episódios de “Mad About You” e participou da turnê de Cher. A procura por uma nova gravadora continuava e nos dois anos seguintes, ela apenas lançou um filme independente chamado “Os Oportunistas”. O novo álbum só foi gravado em 2001, “Shine”, pelo selo Edel, mas nunca chegou às lojas, por desistência do próprio selo e os fãs tiveram acesso ao trabalho apenas pela Internet.Em 2003 saiu “At Last”, pela Epic (Sony), que conta com várias regravações dos sucessos de Cyndi, entre outras versões. Foi o empurrão necessário para colocá-la novamente em evidência, ela esteve em vários programas de TV e iniciou uma turnê mundial em 2004. Uma surpresa para os fãs japoneses é que, em abril do mesmo ano, “Shine” foi lançado depois de três anos de espera. Ainda em 2004 chegou às lojas o DVD “Live...At Last”, trazendo uma apresentação ao vivo de Cindy Lauper no Town Hall, em Nova York, no dia 11 de março de 2004. Em 2005 a cantora anunciou o lançamento do disco ”The Body Acoustic”, reunindo grandes sucessos de sua carreira em versão desplugada, além de duas faixas inéditas. O disco contou ainda com as participações de nomes como Sarah McLachlan, Jeff Beck, Shaggy e Kelly Osbourne.










Cyndi Lauper e a moda




A década é de 80. O nome é Cyndi Lauper. Quem não se lembra das calças baggy ou semi-baggy? Ou do batom 24hrs? Ombreiras, cores ácidas, o culto ao corpo, leggings, polainas, Walkman da Sony amarelo, Rock in Rio, Lolo (que se tornou Milkybar), Top Gun, Genius, tule no cabelo, faixas na testa, Miami Vice, Michael Jackson, The Cure, Billy Idol, Madonna, Menudos, e Cyndi Lauper? Discrição nunca foi um ponto muito forte dela, mesmo porque a década lhe proporcionava esse poder. Seu cabelo era muito colorido, seus hits estavam em todas as paradas.Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os seriados de televisão, como Dallas, mostravam mulheres glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. Os yuppies, executivos jovens sedentos por poder e status, também eram outro movimento.A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Num afã em ostentar, todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível, com preços proporcionais. O jeans alcança seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaran-se paraíso dos consumistas.Mas, não bastava ser bem-sucedido e bem-vestido. Nessa década, ter um corpo bonito e saudável era essencial para o sucesso. Assim, numa continuidade pelo amor aos esportes inaugurado na década anterior, explodiram academias por todos os cantos, onde os freqüentadores iam com suas polainas e collants para as aulas de aeróbica, movidas por músicas dançantes e ritmadas, com temática comum: ginástica, poder, sucesso.Influenciando as roupas, o espírito esportivo levou o moletom e a calça fuseaux para fora das academias e consagrou o tênis como calçado para toda hora. Este último também fez ressurgir a moda de calçados baixos, como os mocassins, tanto multicoloridos como clássico.O look "molhado", conseguido com gel e mousse para cabelos, fez a cabeça de homens e mulheres, ao lado das permanentes fartas e topetes tão altos quanto se conseguisse deixá-los.A cartela de cores era vibrante, prezando por tons fortes e fluorescentes, com jogos de tons e contrastes.A modelagem era ampla. As mulheres, que nesse momento ingressaram maciçamente no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhoueta de toda a década, ao lado de pregas e drapeados para a noite ou dia. A moda masculina seguiu o mesmo estilo, com ternos folgados e calças largas. Para os acessórios, tamanho era sinônimo de atualidade.A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O Punk, New Age e Break também merecem destaque.Em um universo tecnológico (o Atari surgiu nessa época), a moda também inspirou-se no Japão, emergente com suas novidades, e em tudo o que fosse eletrônico... neons, computadores, automáticos....Mas Cyndi Lauper manteve sempre seu senso de pudor, e influenciou garotas em todo o mundo com seu jeito irreverente, seu cabelo que mudava periodicamente (as vezes com apenas um lado da cabeça raspada), suas roupas esvoaçantes e exageradas com cores variadas. Mas não foi foi só nessa época que ela encanta. Até hoje é possível encontrar "Minis-Cyndi" (e é claro eu me encontro entre elas!). Seu show no Brasil está marcado para o fim desse ano. E é óbvio que eu vou. Será o show da minha vida, definitivamente. Daí já posso então até morrer feliz...Afinal, Girls Just Wanna Have Fun!

As Pin Ups de Vargas


No final do século 19, o teatro de revista vivia o seu auge e transformou dançarinas em estrelas, fotografadas para revistas, anúncios, cartões e maços de cigarros, mas foi somente na década de 40 que começaram a dominar não apenas a imaginação dos homens, mas também as portas dos armários e as paredes dos quartos de milhares de admiradores dessa nova onda de "sexualidade permitida". Foi justamente esta a origem do nome pin-up: o ato de pendurar as ilustrações em algum lugar. Na Segunda Guerra Mundial eram carinhosamente chamadas de "a arma secreta", usadas para acalmar os anseios dos pracinhas nas frentes de batalha. Numa época em que mostrar as pernas era atitude subversiva, fotografias de mulheres nuas poderiam significar atentado ao pudor. O jeito de satisfazer a solidão dos soldados e a curiosidade dos adolescentes era fabricar modelos de lápis e tinta, que reproduziam o padrão de beleza considerado ideal: seios fartos, pernas grossas, cinturinha de pilão. Acabaram se tornando uma espécie de troféu pela guerra vencida. Depois, com os avanços do cinema o termo pin-up acabaria se difundindo e transformando, passo a passo o que viria a ser em nossos dias, a grande indústria do sexo. Desenhadas ou fotografadas, as garotas invadiram o planeta com suas poses sensuais porém, sem vulgaridade. Com formas generosas, elas não enfrentavam as pressões da magreza nem a conseqüente anorexia. Elegantes, elas ocupavam seus espaços numa linha entre o ingênuo e o diabólico, trajando duas peças, meias-calça e corpetes com decotes enormes. O conceito clássico de uma pin-up é ser sexy e ao mesmo tempo inocente, estar vestida, mas em alguma posição ou situação que revele sensualmente partes do corpo, sem querer, por acaso. Só isso já era suficiente para alimentar a fantasia masculina. Uma verdadeira pin-up jamais pode ser vulgar ou oferecida, pode somente ser convidativa. Nos anos 70, com a banalização do nu em revistas e filmes pornográficos, as meninas de papel perderam força. Foram substituídas por mulheres de carne e osso. Mas desde o final da década de 90, as pin-ups voltaram a mexer com a libido masculina por resgatarem um importante elemento do fetiche: o mistério. Musas de várias gerações, as pin-ups ainda hoje são cultuadas por adoradores do estilo além, é claro, de serem muitas vezes imitadas afinal, são sempre uma ótima referência no mundo da moda, no cinema, nos traços, nos trejeitos e em tudo que diz respeito à sensualidade A musa loura ( Marylin Monroe) perdia em popularidade para a ruiva Rita Hayworth, a número dois na lista da preferência dos soldados da Segunda Guerra. Uma foto da eterna Gilda vestida com camisola transparente foi transformada em desenho e invadiu os acampamentos. Nem Marilyn nem Hayworth, porém, conseguiram desbancar a lendária Betty Grable, a mulher que colocou suas pernas no seguro no valor de US$ 1 milhão. Ela foi a pin-up mais famosa da história posando de maiô com um sorriso convidativo, transformou-se na amante imaginária predileta dos soldados. Betty também foi atriz e chegou a protagonizar, em 1944, um filme chamado Pin-up Girl, na qual interpretava uma dançarina. O sucesso dos cartões e calendários estimulou editores a lançar revistas especializadas, as chamadas girlie magazines. Publicações como Esquire, Yank, Wink, Beauty Parade, Whisper e Eyful exibiam pin-ups vestidas de coristas, marinheiras, enfermeiras e outros uniformes-fetiches, sejam desenhadas ou fotografadas. Embora as mais célebres sejam as garotas de papel, alguns fotógrafos dispensavam os retoques da pintura e publicavam suas pin-ups em carne e osso.



Vargas. Esse nome atualmente (ok, sobrenome) é sinônimo de desenhos fantásticos - as famosas pin-ups que tanto incentivaram diversos ilustradores e publicitários do século XX.Alberto Vargas, o peruano mestre da aerografia, foi um dos maiores ilustradores de figuras femininas da história da arte e hoje é referência obrigatória para quem pretende seguir seus passos. Além de ilustrar diversas revistas (Playboy, Esquire, entre outras) as "garotas de Vargas" como ficaram conhecidas, decoraram vários aviões de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Era muito comum as tripulações adotarem e batizarem uma pin-up para ilustrar seu caça ou bombardeiro.Hoje resolvi prestar essa singela homenagem à Vargas, este artista que tanto influenciou legiões de ilustradores publicitários nos anos 40, 50 e 60.

Baby Art - Trevor Brown


Eu gosto de Baby Art, e especialmente do Trevor Brown. Esses desenhos pertencem a ele...Não concordo com a pedofilia, mas a maneira com que ele a aborda é tão chocante que chega a doer, ao imaginar que alguém possa cometer tal crueldade. Mas acho que o que mais me chama a atenção nos desenhos dele é a riqueza de detalhes. Trevor Brown, gênio e problemático que nasceu na Inglaterra, frequentou a escola e a escola de artes - trabalhou em estúdios de design - trabalhou em diversas agências. Em sua arte, maioria digital, retrata um mundo de possobilidades, abordando temas dos mais variados como a Sadomasia, observados em "bonecas bebês japonesas" que dão um aspecto e nuances semelhantes a de uma criança, abordando o polêmico assunto da pedofilia, dentre outros mais inquietantes e revoltantes.

A irreverência de Paulo Bruscky


Fui ao MAC no dia 14 de Março, achando que seria mais uma daquelas exposições chatas obrigatórias. O que me ocorreu foi totalmente o contrário. Paulo Bruscky é um artista fantástico e eu simplesmente pirei na sua obra. Quando me dei conta a exposição tinha fechado e os seguranças estavam nos colocando para fora... Idéias que antecedem a obra de arte, jogos de linguagem e ironia. É isso que o público pode ver na exposição Ars Brevis. Trata-se da primeira mostra individual do artista pernambucano Paulo Bruscky, um dos pioneiros da arte conceitual no país. O nome da exposição deriva da efemeridade e da duração das obras, indo de encontro com um tema recorrente na produção do artista: o cotidiano. Os objetos do dia-a-dia são subvertidos de seu uso comum. O ferro de passar vira instrumento para criação da ferrogravura e o aparelho de fax se torna uma fotocomposição, onde é possível ler: “assim se fax arte”. As obras de Bruscky jogam com a interação entre o verbal e o visual, constituindo jogos de linguagem. Os livros compõem boa parte do acervo; mas não se tratam de livros comuns. Há o “Livro de Ar tista”, que é um tijolo de vidro, e o “Livro de pinturas”, onde as páginas estão no lugar dos pelos de um pincel. Um dos jogos de linguagem está na obra com o seguinte título: “Exposição de uma pessoa vestida sendo vista por uma pessoa nua sendo vista por várias pessoas vestidas numa exposição de nus”, de 1976. A produção do significado da obra de arte só se completa na mente do observador, que desempenha papel importante nessa construção de sentido, pois depende da observação do trabalho e da leitura de seu título. Essa dualidade entre o verbal e o visual também revela um lado irônico e bem humorado, como na obra “Quadro a óleo”, onde não se vê uma pintura feita com tinta de mesmo nome, mas latas de óleo de cozinha coladas na tela. A interação dos trabalhos de Bruscky não ocorre somente entre a obra e quem irá vê-la, mas também entre o artista e seu modo de produzir. Essa relação artista-máquina está no xerofilme, técnica criada pelo pernambucano, e que se trata da filmagem das fotocópias resultantes de sua interação com o aparelho. A relação artista-obra existe também para que se deixe claro que há um “eu” criador por trás de cada trabalho. Bruscky não quer se apagar no processo de construção do significado, já que na arte conceitual a idéia, o planejamento e as decisões possuem papel preponderante. Nas palavras de Sol LeWitt, artista conceitual americano, “a idéia torna-se uma máquina que faz arte”, e para que a idéia exista é necessário uma mente criadora. Exemplos disso é a obra “Registros”, de 1979, que mostra a atividade cerebral de Bruscky ao ouvir sons graves e agudos, e “Autum Raduum Retratum”, onde a caixa-craniana do artista é conseguida a partir de um aparelho de raio-x.




27 de maio de 2008

MIsfits

O dia era propício. O show ia rolar e isso era fato. Maquinária Rock Fest, que aconteceu no Espaços das Américas, no dia 17 de Maio de 2008, um monte de bandas de rock reunidas. Mas fila não estava tão grande assim, sorte minha! Eu ía assistir definitivamente. Misfits... Tanto tempo esperei pra ver e finalmente o que me separava deles eram algumas horas. Para minha surpresa o show começou 2 horas após eu entrar no galpão. Que por sinal, era outro lugar que estava muito quente. Não foi apenas uma exclusividade do New York Dolls, mas dessa vez os banheiros eram limpos. Em compensação os preços eram absurdos. R$4,00 uma garrafa d'água!! Prefiri tomar cerveja, afinal era o mesmo preço. A toque de caixa. Foi assim que o Misfits conduziu sua apresentação no Maquinaria Rock Fest. Mas antes de falar sobre o show, tenho que comentar a indelicadeza, e porque não estupidez da banda internacional. Mal tinha acabado de começar o show da banda Motorocker, umas 4 músicas depois, entra o Misfits para passar o som no palco. Não demorou que os fãs vizualizassem e começaram a correr para o outro palco. Na minha opinião uma falta de respeito. O vocalista do Motorocker, já sem graça ainda tentou continuar cantando em meio as vaias vindas da galera. Acho que o brasileiro deveria começar a dar valor à boa música, ainda mais se ela for nacional. Nós temos esse péssimo hábito de adorar tudo que é de fora e menosprezar o que é nosso. Eu tenho que confessar: eu fui exclusivamente para ver Misfits sim, mas ao ver a cara dos integrantes zombando da banda brasileira, foi péssimo. Eles simplismente acabaram com o outro show... Mas voltando ao assunto. Parei na hora em que falava que foi a toque de caixa que o Misfits se apresentou. Com músicas naturalmente curtas, que duram entre um e dois minutos, a banda de punk rock fez sem dúvida o show com mais canções tocadas em todo o evento. Muitos fãs com camisetas do grupo circulavam pelo Espaço das Américas e se surpreenderam com a chegada do Misfits, que subiu ao palco principal às 19h30 - muitos comentavam que esperavam assistir a banda mais no final do evento. Mesmo assim, a matinê comandada pelo baixista Jerry Only atraiu uma multidão ao tocar clássicos da era Danzig como "Die Die May Darling" e "Skulls", que foram cantadas por grande parte da platéia e também encerraram a apresentação. E foi assim que começou e assim que terminou. A impressão era que quanto mais rápido começassem, mais rápido terminariam. Eu sou fã da banda, mas não saí de lá satisfeita com o que vi. É uma pena.



The Misfits é uma banda de punk rock formada por Glenn Danzig em 1977 na cidade de Lodi, Nova Jérsei. Foram os criadores do horror punk, um sub gênero do punk rock, e exerceram influência em diversas outras bandas de rock em geral. O nome da banda foi tirado do último filme da atriz Marilyn Monroe, The Misfits.Seus integrantes originais eram Glenn Danzig nos vocais e teclado (que mais tarde fundaria uma banda com seu próprio nome), Jerry Only no baixo e Manny Martínez na bateria, entrando mais tarde Doyle na guitarra, o irmão caçula de Jerry Only.Segundo alguns, Glenn Dazig era grande fã de Elvis Presley e o visual que eles usavam seria a versão zumbi de Elvis com os topetes caídos maquilagens brancas e esqueléticas, cujo nome era "devilock".Apesar de ser uma banda pesada para a época, originalmente não dispunham de guitarrista. O grupo sempre foi polêmico: antes de um concerto, o vocalista Glenn Danzig e Henry Rollins (na época vocalista do Black Flag) agrediram os integrantes do Mötley Crüe, banda com o qual não tinham afinidade.Outras características dos The Misfits são criar canções violentas e românticas ao mesmo tempo e satirizar discos antigos ou discos de histórias infantis. Sempre seus vinis eram coloridos impressos em 7 ou 12 polegadas.Durante os anos de sua formação mais clássica, a banda não saiu do underground de Nova Iorque. Não venderam muitos discos, não lotaram arenas, não tiveram repercussão na grande imprensa musical e não impressionaram praticamente ninguém com seus músicos apenas medianos e letras baseadas em filmes de terror classe B (entre outras canções, gravaram "Night Of The Living Dead", "Brain Eaters", "Vampira", "Mommy Can I Go Out and Kill Tonight", "I Turned Into a Martian" e "Halloween"). Praticamente não chegaram a ser profissionais (todos possuíam empregos paralelos à banda).O Misfits encerrou suas atividades em 1983, quando Glenn Danzig resolveu seguir carreira solo. Em 1995, em virtude da repercussão da carreira solo de Danzig e dos covers de suas canções gravadas por Metallica e Guns N' Roses ("Last Caress" e "Attitude" respectivamente) a banda voltou à ativa. Cultuada pelos fãs e vendendo mais discos do que nunca, apesar de manter o mesmo direcionamento musical, a banda, apesar de constantes mudanças de formação, continuou se apresentando e gravando nos anos seguintes. É uma banda que lançou moda ao usar as franjas para frente e suas irreverentes maquiagens de caveira que continuam a conquistar fãs pelo mundo inteiro.

Pop Art


É engraçado como eu tenho perdido o sono nos últimos tempos com um movimento que começou aproximadamente na década de 20, com Adorno e Horkheimer. Eles usaram primeiramente um termo denominado "indústria cultural". Nesse primeiro momento os mercados começam a se expandir, mas é na década de 50, que o pós-guerra traz uma consciência crescente de que esse mundo já seria diferente do desenvolvimento da arte moderna, com o termo já determinado como é hoje, Pop Art, que veio se tornar o tema do meu grupo no Projeto Interdisciplinar III. O comportamento dos próprios artistas em relação à arte, nos dá uma idéia do viria a ser a Pop Art, uma vez que eles consideravam que ser bom nos negócios era a mais facisnante das artes, bem como trabalhar e ganhar dinheiro. A arte começa então a ser uma boa transação mercantil, rentável e é nesse contexto que começa a se desenvolver o amplo consumismo, com produtos cada vez mais mecanizados e em escalas também cada vez mais abundantes. Com isso, deu-se origem a desenhos com cores fortes, produtos da massa, unindo a publicidade à arte. Eram produtos do cotidiano, como mesas de piquenique, calças masculinas, cortinas de chuveiro, frigorificos, garrafas de coca-cola, e ainda artistas fossem eles do cinema ou música. É nessa parte que Andy Warhol (que é o artista escolhido pelo meu grupo) usa as latas de sopa “Campbell´s”, com a ajuda da seriografia, e anúncios da Coca-Cola, que viraram verdadeiros mitos. Mas mito mesmo eram os artistas transformados em “arte”, como Marilyn Monroe e Elvis Presley por exemplo, numa sequência quase imutável, que transmitia com isso a impessoalidade dos objetos em massa para o consumo, e deixava transparecer a sua impressão das personalidades como vazias, impessoais e sem conteúdo paupável. Tudo girava às críticas fossem elas da cultura de massa, consumismo exacerbado, política, personalidades, economia ou alienação.


.A Pop Art propriamente dita


A Pop Art tinha por convicção e objetivo maldizer uma sociedade que começava a reerguer celebrando o pós-guerra (e apoiando suas raízes) em um consumismo tipicamente capitalista. O movimento começa a crescer e tomar proporções desmedidas até atingir a quadrinhos, publicidade e cinema, usando de artifícios muito pouco ou nunca usados antes como tinta acrílica, poliéster, látex, gesso, unificado a cores fluorescentes, brilhantes e chamativas, operando com signos estéticos e objetos do dia-a-dia: sopas, notas de dóllar, mesas de piquenique, calças masculinas, frigoríficos, garrafas de coca-cola. Tudo isso aliada à sagacidade da serigrafia. Era uma maneira de ironizar o “American way life”. Com essa base da publicidade, e trabalhando com tamanhos hiper-reais, a Pop Art conseguiu fazer o brega virar moda, até que a arte começou a abranger mais a população, dando espaço para o povo ter um contato maior com movimentos artísticos. Sendo assim, poderíamos considerar a Pop Art, o movimento de uma geração, uma cultura marcante de uma década, um estilo de vida ou um jogo de palavras?? Ainda é possível encontrar tantos artistas bons, que retratam a Pop Art com o mesmo gosto e ideal. Em meio a tantos artistas emergentes da época, como Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg e Peter Blake, optamos por Andy Warhol, que trazia em suas obras críticas pesadas à sociedade, à televisão, aos artistas da época, e à cultura de massa. Em meados da década de 60 os artistas, defendem uma moderna, irreal, que se comunique diretamente comunique diretamente com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e vida cotidiana. A defesa do popular traduz uma atitude artística adversa ao hermetismo da arte moderna. Nesse sentido, esse movimento, que é considerado chato, se coloca na cena artística como um dos movimentos que recusa a separação arte/vida. E o faz pela incorporação das histórias em quadrinhos, da publicidade, das imagens televisivas e do cinema. Assim, surge o Pop Art na Inglaterra, através de um grupo de artistas intitulados Independent Group. A primeira obra considerada pop é “O que exatamente torna os lares hoje tão diferentes, tão atraentes?”, de Richard Hamilton. Os artistas e críticos integrantes do Independent Group lançam em primeira mão as bases da nova forma de expressão artística, que se beneficia das mudanças tecnológicas e da ampla gama de possibilidades colocada pela visualidade moderna, que está no mundo – ruas e casas – e não apenas em museus e galerias. Eduardo Luigi Paolozzi, Richard Smith e Peter Blake são alguns dos principais nomes do grupo britânico. É possível observar nas obras Pop britânicas um certo deslumbramento pelo american way of life através da mitificação da cultura estadunidense. É preciso levar em consideração que a Inglaterra passava por um período pós-guerra, se reerguendo e vislumbrando a prosperidade econômica norte-americana. Desta forma, todas as obras dos artistas pop britânicos aceitaram a cultura industrial e assimilaram aspectos dela em sua arte de forma eclética e universal. Ao contrario do que se sucedeu na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos os artistas trabalham isoladamente até 1963, quando duas exposições reúnem obras que se beneficiam do material publicitário e da mídia. É nesse momento que os nomes de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann surgem como principais representantes da art pop em solo norte-americano. Sem estilo comum, programas ou manifestos, os trabalhos desses artistas se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado e pelas cores saturadas. A nova atenção concedida aos objetos comuns e à vida cotidiana encontra seus precursores na antiarte dos dadaístas. Os artistas norte-americanos tomam ainda como referência uma certa tradição figurativa local – as colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg e as imagens planas e emblemáticas de Jasper Johns – que abre a arte para a utilização de imagens e objetos inscritos no cotidiano. No trato desse repertório plástico específico não se observa a carga subjetiva e o gesto lírico-dramático, característicos do expressionismo abstrato – que aliás, a arte pop comenta de forma paródica em trabalhos como Pincela de Roy Lichtenstein. No interior do grupo noirte-americano, o nome de T. Wesselmann liga-se à naturezas-mortas compostas com produtos comerciais, o de Lichtenstein aos quadrinhos e o de C. Oldenburg, mais diretamente às esculturas. Como muitos outros artistas, Andy Warhol criou obras em cima de mitos. Mas ele foi muito além disso: ele relamente criou mitos. Como o exemplo de que Warhol talvez tenha contribuído mais para o mito de Marylin Monroe do que Hollywood e as revistas populares juntos. Ao retratar ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley, Liz Taylor, Marlon Brando e, sua favorita, Marylin Monroe. Warhol mostrava o quanto personalidades públicas sao figuras impessoais e vazias; mostrava isso associando a técnica com que reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola e as latas de Sopa Campbell´s. Não se pode afirmar que a obra de Warhol foi eminentemente superficial ou esnobe, o que se comprova pelos seus quadros de desastres de ambulância, ou das cadeiras elétricas e os retratos de judeus famosos. Também foi muito importante seu trabalho como diretor de cinema, com obras filmadas totalmente diferentes e fora dos padrões da filmografia tradicional (ausência de roteiro, câmera imóvel, tentar mostrar uma “realidade mais do que real”). Mas foi nas suas obras de celebridades e objetos de consumo da massa que o extremo da concepção de uma “Arte Pop” é representado. E é especificamente nas obras de Marylin Monroe que uma das faces mais fortes da psique de Andy Warhol se revela. Apesar de ser fã de celebridades e de entender o caráter transitório da fama, o seu interesse estava no público e na sua devoção a uma figura como símbolo cultural da época, uma figura criada pela imprensa. Foi a publicidade que retirou Marilyn da condição de indivíduo e a colocou como um simples símbolo sexual, um objeto imagético. É o estilo neutro e documental de Warhol que reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. O desinteresse fotográfico num sorriso forçado, estereotipado, as cores vibrantes que a tornam numa caricatura, uma artificialidade assumida. Warhol secularizou o ídolo de Marilyn Monroe ao repetir constantemente seus retratos ou ao isolar o sorriso, ligando o mito da estrela aos métodos usados pelo mass media para fazer uma estrela, com variações e seqüências sucessivas, tal como num produto industrial. E Warhol não pretendeu criticar a postura de adoração do público diante de seus ídolos, tampouco a máquina de publicidade responsável pela criação dos mesmos; ele apenas devolveu para eles a sua forma de criação de um artigo de consumo. Mas ele fez mais que criar mitos através de ícones nas suas telas; ele criou o seu próprio mito. Escreveu duas autobiografias, tinha um programa na MTV relacionado com a sua frase que já era célebre ("... 15 minutos de fama"), possuía sósias que se faziam passar por ele durante conferências e acontecimentos sociais, colaborava com vários artistas, abriu seu próprio escritório de negócios artísticos (Factory), influenciou o trabalho da banda Velvet Underground, recebeu um tiro de uma líder de um movimento femista, foi um dos pioneiros a repensar a arte comercial como integrante do círculo das ”belas-artes", apresentou também uma nova concepção estética no cinema, disse que não desenharia mais e só filmaria, e então voltou para sua concepção de pinturas iniciais quando ninguém esperava. É o artista pop por excelência, pois é o único artista que possui todas as características deste movimento, e isto não se restringe apenas às suas obras: pois o próprio Warhol simboliza na perfeição esse "american way of life", a realização do sonho americano.

New York Dolls







Me lembro como se fosse hoje...Dia 10 de Março de 2008.Saímos da aula de modelagem naquela quinta-feira, e aquele dia parecia não passar. De jeito nenhum. Eu e a Jadhe fomos pra casa, e não conseguíamos parar de olhar para os ingressos do show: New York Dolls! Só de lembrar toda aquela correria para conseguir o ingresso R$20 mais barato, as brigas com os namorados, e as semanas que se seguiriam na pendura total, dá vontade de voltar no tempo e fazer tudo de novo! Mas voltando ao assunto, sei que foi dando a hora de irmos pro show, e passei na casa dela, e seguimos sentido Armênia, Zona Norte de São Paulo, onde aconteceria o show. No Hangar 110 pra ser mais exata. Deixamos o carro num estacionamento um pouco longe, mas foi R$10, e quanto menos gastarmos com isso, mais dinheiro sobraria pra cervejinha, que claro, logo foi providenciada na padaria mais próxima. Chegando na porta do Hangar, já começamos a entrar no clima do show. Não estava lotado, cheio, ou bombando como eu pensei que estaria, porque afinal de contas, era New York Dolls!! Sabe qual é a probabilidade de ver um show deles de novo no Brasil?? Se você considerar a idade de cada um (somando a idade todos deve dar uns 250 anos no mínimo!), que eles tem mais de 30 anos de carreira, tudo isso elevado à um alto teor de drogas e álcool consumidos continuamente, a probabilidade não deve passar dos 5%! Mas mesmo não estando tão cheio quanto eu pensei, estava um ambiente bacana, e é engraçado a capacidade que a gente tem de fazer amizades em filas. Algumas cervejas depois já estávamos lá dentro, e parecia um sonho. Um sonho que ao mesmo tempo que estava prestes a começar, isso me lembrava que estava prestes a acabar também. Mas agora pra quem não conhece muito, vamos ao que interessa. New York Dolls é uma banda seminal da inesquecível cena nova-iorquina do final dos anos 70, os Dolls foram fundamentais para a criação do movimento punk, tendo influenciado inclusive os emblemáticos Ramones. Com seu rock n’ roll descompromissado e empolgante (um "Rolling Stones junkie’ diriam alguns) e o visual chocante com cinco marmanjos totalmente em trajes femininos e maquiagens, a banda mesmo com sua curta trajetória de apenas dois discos, tornou-se um ícone da época. Os excessos não permitiram que a banda retornasse as atividades em 2004 com sua formação original, já que 3 dos integrantes originais faleceram, dentre eles o grande Johnny Thunders, guitarrista da banda que teve um melancólico e solitário final de vida. Mas David Johansen, Steve Conte e Sylvain Sylvain já valiam o ingresso e, como era de se esperar, lotaram a casa. E eu pensando que não ía. Apesar dos organizadores divulgarem que inúmeras mudanças seriam realizadas na casa, o Hangar 110 ainda se mostrou extremamente deficiente para receber apresentações desse porte: ventilação péssima (o que deixou o ambiente extremamente quente, eu e a Jadhe suávamos que nem tampa de marmita!), banheiro pequeno, bar insuficiente para atender o número de pessoas presentes (um único caixa para atender aproximadamente 800 pessoas, provocando uma fila enorme durante boa parte do evento), além da pobre acústica do local e da falta de estacionamentos suficientes. De qualquer forma, uma lenda do rock n’ roll subia ao palco naquela noite, e nem os problemas estruturais relacionados acima estragariam o histórico show. Foi muita sorte nossa estar lá. A abertura da noite ficou a cargo dos Forgotten Boys, banda bastante influenciada pelo New York Dolls e respeitada no cenário rocker paulista já há alguns anos. Apesar de cada vez mais profissional e entrosada, a banda mostrou que seu repertório vem perdendo força a cada novo disco. Depois do ótimo "Gimme More", a banda lançou um disco regular ("Stand by the D.AN.C.E") e algumas músicas do disco que a banda está finalizando atualmente foram apresentadas, mas não empolgaram a platéia, que a certa altura já demonstrava certa impaciência com a permanência da banda no palco. Qualidade e presença de palco a banda tem, como mostrou no cover de “1970” dos Stooges já no final do show. Só falta resgatar alguma coisa que acabou ficando para trás com o passar dos anos e que claramente está fazendo falta para os Forgotten Boys.

Já passava das 23h, de várias cervejas e vodkas quando as cortinas se abriram e Syl Sylvain entrou acenando para a platéia, que imediatamente foi à loucura. Era o início da festa e logo os primeiros acordes de "Babylon" foram ouvidos e David Johansen de jaqueta, babylook, calça justa e lenço na cintura tomou conta do palco, cantando e rebolando como nos áureos tempos. Sem dúvida alguma, a figura central do show foi Johansen, que se mostrou um frontman perfeito, empolgado, carismático, sorrindo o tempo todo e mostrando a satisfação de ainda conseguir incendiar uma platéia mesmo depois de 30 anos de carreira. Os demais integrantes da banda mostraram muita competência e segurança, e principalmente o baixista Sammi Yaffa, provavelmente pela experiência adquirida à frente do grande Hanoi Rocks nos anos 80. Além de técnica, o baixista mostrou muito carisma, dividindo o microfone com Sylvain. Por sinal, Sylvain parecia mais empolgado agora do que na época clássica da banda, talvez por não ter mais que dividir as atenções com Thunders. Competente nos backing vocals e brincando constantemente com a platéia e com os demais integrantes, Sylvain mostrou estar vivendo intensamente aquele momento.O repertório foi fantástico, cobrindo os clássicos dos dois primeiros discos ("New York Dolls" de 1973 e "Too Much Too Soon" de 1974) e alguns destaques do disco de retorno da banda ("One Day It Will Please Us To Remember Even This" de 2006). Foi emocionante e inesquecível ver e ouvir clássicos imortais do rock como “Puss and Boots”, “Human Being”, “Jet Boy”, “Subway Train”, “Stranged in the Jungle”, “Looking for a Kiss”, “Lonely Planet Boy” e “Trashed”. Após uma hora e meia de show, a banda anunciou o fim da noite e deixou o palco, mas ninguém arredou o pé do Hangar. Todos sabiam que o melhor estava por vir. E em poucos minutos a banda voltou ao palco para tocar seu maior clássico. “Personality Crisis” foi cantada em uníssono pela platéia, que lavou a alma e viu a banda se despedir abraçada no palco. Platéia suada, cansada, acabada, mas todos com um enorme sorriso no rosto. Em tempos onde as bandas se preocupam mais com suas roupas e cortes de cabelo do que com a música, o New York Dolls mostrou que vestidos de mulher e com penteados epalhafatosos fizeram o que há de melhor em matéria de Rock n’ Roll. E que ainda podem fazê-lo por um bom tempo. Pra finalizar, eu consegui pegar o que era pra ser uma flor que o David jogou, mas graças aos meus 1,53m consegui pegar apenas as folhinhas, pois veio um sujeito mais alto e pegou a minha flor bem em cima de mim. Mas saí satisfeita. O projeto de flor continua e continuará guardada comigo para sempre desse show que pra mim foi mágico, assim como o ingresso, que não poderia ter outra cor: rosa. Consegui memorizar cenas que certamente ficarão apenas na minha memória, mas ver o David e o Steve de pertinho já valeu o banheiro ruim, o estacionamento longe, o bar entupido de gente e o calor. Foi incrível ver que mesmo após 30 anos, as calças justas, as camisetas, os lenços, os cabelos bem cortados e ornamentados (um pouco mais brancos talvez), as atitudes "rock" continuam em alta e fazendo a "moda" que meu coração adorou ver e cantar naquela noite. Eu e Jadhe chegamos em casa totalmente esgotadas, e fomos direto para a faculdade no dia seguinte. Mas estávamos de alma lavada.


Foto do show